Vestuário no Egito: História, Estilo e Cultura
O vestuário no Egito Antigo era muito mais do que simples roupas — ele refletia a posição social, o clima e até mesmo as crenças espirituais do povo egípcio. A principal matéria-prima utilizada era o linho, amplamente cultivado no país, especialmente na região do Delta, onde se produziam as fibras de melhor qualidade. Esse tecido era usado tanto pelas pessoas vivas quanto para envolver os corpos mumificados, sendo um material fundamental nos rituais funerários.
A tecelagem era uma atividade predominante entre as mulheres desde 5000 a.C. Elas trabalhavam com grande habilidade, muitas vezes utilizando dois fusos ao mesmo tempo para produzir fios longos. Para facilitar o processo, subiam em bancos altos, aumentando a distância entre o fuso e a fibra. Os teares horizontais iniciais deram lugar aos teares verticais no Império Médio (c. 2040–1640 a.C.), permitindo a criação de tecidos longos e amplos, geralmente brancos, mas também em outras cores, como azul e vermelho, embora tingir fosse um processo difícil. O azul era obtido do índigo e o vermelho da flor de açafrão.
Estilo e Diferenciação Social no Vestuário no Egito
Durante o Império Novo (c. 1550–1070 a.C.), o vestuário no Egito começou a ser decorado com bordas coloridas — especialmente em tons de azul e vermelho — dispostas em faixas largas e estreitas nas orlas das roupas. Esse estilo tornou-se bastante popular entre as classes altas.
Os homens, por exemplo, usavam normalmente um saio curto acompanhado de acessórios como pulseiras, anéis, gorjais e pingentes feitos de jade ou cornalina. Alguns substituíam o saio curto por uma saia mais volumosa e usavam sandálias, embora fosse comum carregá-las nas mãos ou penduradas em um cajado, calçando-as apenas em ocasiões formais. Até mesmo os faraós, como Narmer, andavam descalços, sendo acompanhados por um servo que levava suas sandálias — feitas de papiro, couro ou até ouro.
O vestuário cerimonial masculino incluía também vestidos de linho plissado e bem ajustado ao corpo, com mangas curtas e um cinto largo amarrado para formar um avental triangular. Esse traje era complementado por perucas volumosas e uma exibição rica de joias, como colares, braceletes e peitorais de cadeias duplas.
Vestimenta Feminina e Elementos Culturais no Egito Antigo
As mulheres egípcias usavam camisas finas cobertas por vestidos brancos, transparentes e plissados, semelhantes aos dos homens. Esses vestidos eram presos sobre o seio esquerdo, deixando o direito descoberto, e desciam até os pés com fendas abaixo da cintura. As mangas eram decoradas com franjas e deixavam os antebraços à mostra. Elas adornavam os pulsos com pulseiras rígidas ou articuladas de ouro, além de anéis e perucas obrigatórias em cerimônias, frequentemente enfeitadas com diademas de turquesa, lápis-lazúli ou ouro.
Um elemento curioso do vestuário no Egito era o cone perfumado que se equilibrava sobre as perucas, usado tanto por homens quanto por mulheres. Presume-se que fosse feito de uma pomada aromática, embora sua composição exata ainda seja desconhecida.
As roupas também indicavam status social. Trabalhadores usavam apenas um saio simples, preso com um cinto estreito, sem bordados ou ornamentos. Suas joias eram geralmente feitas de cerâmica ou bronze. Em contraste, as bailarinas profissionais podiam usar vestidos transparentes ou até se apresentar nuas, usando apenas joias e acessórios. Criadas domésticas frequentemente andavam nuas durante festas, e as crianças também permaneciam sem roupas devido ao clima quente.
Conclusão
O vestuário no Egito era uma expressão rica da identidade cultural, da espiritualidade e da estrutura social da antiga civilização egípcia. Desde o linho fino das elites até os trajes simples dos trabalhadores, cada peça contava uma história sobre a vida cotidiana, os valores estéticos e as tradições milenares de um dos povos mais fascinantes da Antiguidade.