Símbolos Egípcios| O Ka
O Ka era a força vital geradora e afetiva que relacionava cada Ser cor a força universal que anima o Cosmos.
Seu hieróglifo era formado por dois braços levantados num gesto adoração ou abraço. O Ka era símbolo da oferenda e da proteção.
Além disso, representava uma outra noção: o nome, o Ren. O conhecimento do nome de cada ser era indispensável na magia egípcia na medida em que o nome guardava a identidade secreta. O fato de poder nomear outorgava domínio e poder de convocação ao mago. O Ka fornecia a força psicovital que permitia que o nome existisse. Designava também a faculdade que tem um deus, uma pessoa ou um animal, de realizar seus atos na vida. Por isso, era associado ao alimento e à oferenda, como sustento energético de todas as ações.
Origem
Quando o deus oleiro Knum fabricou com barro o primeiro corpo, criou ao mesmo tempo o Ka, o duplo psicoenergético do corpo físico que era na verdade sua matriz invisível.
Sem o Ka não há vida. Morrer, para os egípcios, era separar o corpo do Ka. O corpo físico pertencia a este mundo, enquanto Ka habitava no visível e no invisível: levava a alma até o invisível, atravessando a falsa porta da tumba. Assim, representava também a energia ancestral que era venerada nas tumbas pelos vivos.
Hórus, o deus fundador da Realeza faraônica, legou ao primeiro Rei humano o seu Ka Real, que se transmitia de coroação em coroação.
O Poder de Ka
Os princípios da arquitetura de pedra egípcia são inseparáveis do conceito de Ka. Como vimos, o Ka era uma manifestação das energias vitais não de ordem física, mas sim psíquica, o que explicava seu papel de animador dos corpos, das estátuas, das oferendas. Em sua manifestação, tinha um papel criador e conservador. Podia assim designar o poder da Criação próprio da Divindade ou netjer, como também as forças de manutenção que animavam a ordem universal, Maat.
Segundo alguns autores, o Ka é o “duplo celeste das coisas manifestas ou terrestres”. Mas, na realidade, a definição deveria ser invertida: o mundo terrestre é uma “cópia animada” do Céu, graças ao Ka, que de alguma forma é o depósito das forças vitais de onde procede a vida, graças às quais a vida subsiste e para onde a vida retorna depois da morte.
“O desejo de uma continuidade eterna da existência encontra sua expressão tangível na arquitetura de pedra, já que só ela era capaz de fornecer um símbolo indestrutível da realidade visível do Ka. Ao contrário do edifício de tijolo cru, que bastava parà a duração da vida humana, a construção em pedra podia resistir às investidas do tempo. É por isso que os egípcios só construíram em pedra os monumentos de eternidade, os templos e as tumbas, e jamais as casas e os palácios” (Schwarz, F., Geografia sagrada del Egipto Antiguo, Editorial Errepar, Buenos Aires, 1996).
Hieróglifo Ka
O hieróglifo Ka estava estreitamente ligado ao gesto ancestral da transmissão de uma força espiritual. Vem daí a crença de que a pedra poderia ser a morada de forças sobrenaturais: a pedra erguida, que se torna piramidal. Isso nos permite compreender um dos enigmáticos textos encontrados na pirâmide de Unas: “Atum coloca seus braços por trás, ao redor do Rei, ao redor desta pirâmide, os braços do Ka, para que o Ka do Rei possa durz,- para sempre na eternidade”.