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As Imagens Sagradas e os Ritos no Antigo Egito

O universo espiritual do Egito antigo nos revela suas chaves através da união da palavra e da imagem que se reúnem na escrita hieroglífica, que os gregos chamaram de “escritura sagrada”. São diversas imagens sagradas e ritos presentes no Antigo Egito.
A necessidade de escrever as palavras e não apenas figurá-las através de imagens tem como origem provável a necessidade de aprender o nome das pessoas e de perenizá-lo além da morte. Quando não se recorda o nome de um indivíduo, ele sai da memória, fica excluído do culto aos ancestrais e entra no esquecimento, ou seja, na morte. Nas primeiras dinastias, a única informação escrita que figurava nas tumbas dos faraós era seu nome junto à sua imagem.

Escrita Egípcia

Na escrita egípcia, podemos distinguir os ideogramas ou logogramas, símbolos que figuram o próprio objeto; os fonogramas, signos que devem ser lidos como consoantes isoladas ou séries de dois a três; e os determinativos, que são signos que não se lê, mas que indicam a categoria à qual pertence a palavra. Alguns hieróglifos pertencem aos três grupos.
Trata-se, portanto, de uma escrita que é simbólica e descritiva ao mesmo tempo. Veremos que esse é um elemento fundamental da magia: o que se descreve em hieróglifos não apenas se objetiva, mas está vivo porque sua essência é sagrada e, através de sua palavra, seu estado vibratório se expressa.

Imagens Sagradas

No Egito, a imagem é considerada como um núcleo de forças capaz de atuar ou de receber influências exteriores. O tratamento da imagem não persegue uma finalidade estética, mas uma finalidade mágica e sagrada. O objeto representado na pedra ou no metal obedece a uma rede de correspondências, de analogias que transcendem sua significação concreta. A imagem, para os egípcios, abre as portas de dimensões desconhecidas do Ser e do mundo.
Cada talismã-hieróglifo é uma imagem concreta concebida para atuar no plano sutil da existência. Cada imagem-talismã corresponde um ou vários signos que têm a função de ativá-la, de despertá-la (a repetição concentrada de palavras sagradas permitem a criação de formas mentais em ressonância com o objeto que se ativa). Nos cânticos, grava-se o nome do deus, ou seja, seu poder vibratório, sua natureza misteriosa. Os materiais empregados para confeccionar as imagens-talismãs são todos “portadores de forças”, são núcleos em que se refletem por vias analógicas certas energias do mundo visível.

Thoth, inventor dos hieróglifos, Senhor das medidas, personificava no antigo Egito todos os poderes que se podia obter na “arte das figuras sagradas”. “Os hieróglifos eram concebidos como desenhos capazes de ligar diferentes mundos ou níveis de realidade, o mundo exterior, a intimidade humana e hiperfísica, onde funcionam os poderes do mental e da matéria” (Garcia, J., Thoth, libro de los talismanes egípcios, Editorial Picazzo, Barcelona, 1992).

Ritos no Antigo Egito

Através dos ritos, o sacerdote egípcio “se identifica com a imagem”, conferindo-lhe sua energia, enquanto a imagem lhe outorga sua forma ressoante: o sacerdote se transforma na imagem mediante a palavra (os cânticos) e o coração, que contém o poder da vontade e da imaginação. Assim, pode se comunicar com o plano superior e possuir temporariamente as qualidades das imagens divinas.
Do ponto de vista estritamente psicológico, a imagem tem uma importância capital como base de fixação de todo processo meditativo, assim como a invocação é um fator de sugestão ativa e transfiguradora. O campo da imagem ativada é essencial para qualquer experiência de interdependência entre o subjetivo e o objetivo. As funções ocultas das imagens egípcias mantêm uma correspondência simbólica com os arquétipos do inconsciente, não apenas coletivo, mas também universal. É possível ativá-las porque se encontram em nosso próprio espaço interior.

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