Mesquita Hassan
Com certeza, uma das pérolas da arquitetura Islâmica que ainda permanece desafiando o tempo com orgulho único pela sua enorme estatura e beleza incomparável é a Mesquita e Madrassa do Sultão Hassan, que se localiza ao pé da Cidadela de Saladino no quarteirão histórico e populacional de Al Qalá.
A mesquita foi construída por ordem do Sultão Hassan, um dos sultões da dinastia Mameluca no século XV.
O Sultão Hassan
Após a morte do grande Sultão Al- Nasser Mohamad houve uma sobre a escolha do seu sucessor. Al- Nasser Mohamad faleceu deixando filhos menores, o que levou a uma intervenção dos altos comandantes do exército.
Sob a tutela do Estado, subiram ao trono do reino Mameluco 5 filhos do Sultão Al- Nasser Mohamad. Em 1347, com 13 anos de idade, Hassan foi escolhido e proclamado sultão do reino Mameluco no Egito e na Síria.
A construção da Mesquita Hassan
Conforme o costume dos mamelucos naquela época, o Sultão Hassan construiu uma mesquita que inclui também uma Madrassa – escola para ensinar as crianças -. A mesquita tem forma retangular e cruciforme, seguindo o modelo mameluco tradicional.
O local atual da mesquita era um mercado de cavalos, aonde, posteriormente, dois palácios foram construídos e, quando o príncipe Hassan ascendeu ao trono, ordenou construir uma mesquita maravilhosa com uma escola. A construção, além da mesquita, possui um mausoléu e quatro Madrassas ou escolas teológicas dedicadas à aprendizagem das quatro doutrinas sunitas no Islamismo. O arquiteto foi o príncipe Mohmad Ibn Bailik Al Muhssani.
As obras de construção iniciaram-se em 1356 e continuaram até a morte do Sultão Hassan, em 1361.
A Morte do Sultão Hassan
Depois de 5 anos no poder, o Sultão Hassan foi deposto pelos príncipes poderosos da corte que colocaram seu irmão mais novo no poder. Quatro anos depois, o sultão Hassan foi reempossado ao trono e antes de conseguir pôr fim ao poder dos altos príncipes, liderados pelo alto comandante do exército Yalbugha Al-Umari, foi um alvo de um golpe de estado.
Conta a lenda que em 1361 e depois da revolta, o Sultão Hassan fugiu da sede do poder na Cidadela de Saladino no Cairo para salvar a vida porém, infelizmente, foi preso pelos rebeldes e afinal não se sabe mais sobre o seu destino final, provavelmente ficou um certo período prisioneiro e um pouco depois foi executado em clandestino após 16 anos interrompidos no poder.
A continuação das obras
Anos depois da morte de Hassan, o príncipe Bachir Al Gamdar finalizou as obras da mesquita.
O material principal utilizado na construção é a pedra calcária, com de tijolo vermelho revestido de calcário. O edifício foi construído segundo o plano cruciforme com um pátio aberto no centro rodeado de quatro Iwanes (naves arqueadas sem colunas).
A mesquita ocupa uma área total de 7906 m2; e mede 150 m. de comprimento e 68 m. de largura. Dispõe de quatro fachadas enormes, a fachada mais importante é a fachada principal situada no lado setentrional que mede 145 m. de comprimento, 76 m. de largura e 37,8 m. de altura.
A Fachada da Mesquita Hassan
A parte superior da fachada principal está decorada de uma cornija (decoração islâmica com padrões geométricos) massiva de camadas de estalactites elegantes que salientam por 1,5 m.
A entrada é uma das maiores nas mesquitas do Cairo e considerada uma das mais belas na arquitetura islâmica no Egito. Na parte superior da entrada se encontra uma concha de estalactites maravilhosas. A porta de madeira foi adicionada posteriormente, na época otomana enquanto a original foi transferida à mesquita de Al Moued Sheikh em 1421.
Ao entrar pela porta atual se encontra Derkah (átrio ou vestíbulo quadrado coberto com uma abóbada pequena, repousada sobre fileiras de estalactites. No lado esquerdo encontra-se um corredor ascendente e ziguezagueado com 7 degraus, e na passagem final há um teto arcado que termina pelo pátio aberto (Sahn), rodeado de quatro Iwanes (Naves arqueados sem colunas) enquanto no centro há a fonte da ablução.
O Pátio da Mesquita Hassan
O pátio aberto da Mesquita tem forma quase quadrada e mede 34 m. de comprimento e 32 m. de largura cujo chão está recoberto de mosaico. A fonte do pátio aberto é uma das obras consumadas pelo príncipe Bashir Al Gamdar. A fonte se encontra no centro do pátio e tem uma abóbada de madeira repousada sobre 8 colunas de mármore polido. O colo da abóbada da fonte está adornada com uma faixa de escrita de versículos do Alcorão (versículos do Alcorão, nomeadamente que pertencem a Surat Al Kursi) além da data da obra.
Nos quatro cantos do pátio aberto se encontram as quarto madrasas (escolas). A escola maior de todas, em termos de tamanho, é Al-Madrassa Al-Hanafeia com 898 m2. Cada Madrassa, em geral, consta de uma entrada, um pátio com fonte no centro e três andares dedicados a residência dos alunos e professores.
Outros Pontos da Obra
Quibla
O que chama muito a atenção é a nave arqueada da Quibla (Iwan al Quibla) porque além de considerada a parte mais completa e incrivelmente decorada, contém os elementos mais importantes de uma mesquita como o Mihrab (o nicho escavada na parede encarado a Meca), o Minbar (o púlpito), e Dikat Al-Moubalegh (o banco do avisador). As paredes, sobretudo no lado oriental da nave da Quibla estão revestidas de mosaico colorido. As paredes da Nave da Quibla estão decoradas de um friso lindo de escrita do Alcorão.
O Mihrab
O Mihrab é um nicho escavo na parede coberto com mosaico colorido e ladeado de 4 colunas de mármore polido com capitéis de madeira dourada. Na parte superior da parede, no lado esquerdo tanto como no lado direito, do mihrab se encontram uma grade de bronze. No lado direito do Mihrab se encontra o púlpito (Minbar) usado só durante o sermão da sexta-feira pelo Imam (o líder da oração) ou o orador que lidera os orantes. O púlpito tem uns degraus e um assento com uma abóbada pequena de madeira.
Púlpito
A porta do púlpito está incrustada de cobre formando elementos geométricos e pratos astrais, enquanto por acima do lintel existe uma talha de estalactites. Diqat Al Moubaligh (banco do avisador) é um elemento antigo desusado atualmente nas mesquitas a partir do da introdução da eletricidade no Egito. É simplesmente um banco retangular de mármore repousado sobre 8 colunas e três pilastras de mármore. Sobre tal banco de pedra um homem chamada al moubalegh (o avisador) estava orando avisando com voz alta as palavras do Imam (o líder da oração) aos orantes que rezam nas filas distantes.
Mausoléu
O cenotáfio ou o mausoléu está separado pelo Iwan da Quibla só por uma parede. E acessível por duas portas fascinantes e revestidas de cobre amalgamado com ouro e prata, e ainda a porta direita leva o nome do sultão Hassan. O mausoléu é uma sala enorme com uma abóbada enorme no centro, cujos cantos inferiores estão decorados com talhes pendentes ou estalactites de madeira dourada. Na parte superior das paredes se encontram janelas coloridas fascinantes.
Outros detalhes
Por baixo da abóbada existe um friso de escrita dourada sobre um fundo azul. O mausoléu contém um mihrab (o nicho escavado na parede encarado a Meca) mesmo ali nunca se faz oração, porque é proibido fazer oração no mesmo lugar do Mausoléu que tem um túmulo, segunda a fé islâmica. Essa parte é um tipo semelhante ao mihrab principal da mesquita. Apesar de que o túmulo de mármore localizado no centro foi dedicado originalmente ao mesmo sultão Hassan, mas não foi sepultado lá e dois dos seus filhos; Al Shehab Ahmad e Ismael foram sepultados nele devido ao desaparecimento trágico do sultão Hassan, pois o seu corpo nunca foi achado nem se sabe sobre o seu destino.
Uma das três Almenaras (minaretes, torres ou faróis) originais da mesquita caiu em 1361, e consequentemente, na período turco caiu outra e só permanece o minarete localizado ao lado oriental que mede 81,6 m de altura, enquanto que na época turca um pequeno minarete foi construído e acrescentado à mesquita.